Chame eles do que você quiser: Pop-punk, boyband ou a morte das duas (eles, na verdade, borram as linhas entre os dois títulos, de um jeito que Fall Out Boy já fez e que All Time Low aspira fazer): 5 Seconds of Summer é inevitavelmente gigante, e o poder deles vem das leias jovens mulheres que os apoiam. Essa é uma característica, se não, o fator principal por trás da popularidade por trás de boybands, mas também é uma que existe no universo desse cenário: Vá na Warped Tour, e a maioria das pessoas que vão são mulheres. Faz um tempo que está desse jeito. love this article @billboard wrote up on us. really gets to the core of what we’re trying to achieve http://t.co/QqMJZ34VQo
— Michael Clifford (@Michael5SOS) July 14, 2015
“Amei essa matéria que a @billboard escreveu sobre nós. Realmente fala sobre o que nós estamos tentando alcançar”
5 Seconds of Summer reconhece isso, abraça isso e até mesmo cede à elas de um jeito extremamente verdadeiro. Eles entendem (é impossível não entender) que seus fãs são, em grande maioria, mulheres, com idades em torno do ensino fundamental/ensino médio, e nos primeiros estágios de seus desenvolvimentos musicais. O que é realmente muito brilhante sobre esse reconhecimento é o jeito que afeta o comportamento deles e suas composições: Mulheres não são colocadas nas músicas. As mulheres inspiram e criam – elas são poderosas fora da música feita por esses caras. É por isso que o último single deles, “She’s Kinda Hot”, não é, de forma alguma, sobre objetificação – mas uma melhor exploração de um imprudente abandono juvenil, se sentir sozinho e se achar simultaneamente. O primeiro personagem citado só é mulher por coincidência.Em uma entrevista para a Rolling Stone no verão passado, o baterista Ashton Irwin falou sobre o tipo de confusão sobre gênero específico que a banda promovia ao declarar, “É divertido quando você está confundindo as pessoas. Eu entro na Internet e vejo um cara de 30 anos falando, ‘Eles não são rock! Bullet for My Valentine pra sempre!’ Mas a filha dele provavelmente gosta da nossa banda. E ela irá começar a própria banda dela.”
Essa é a chave. Ela irá começar a própria banda dela. No passado, uma banda de pop-punk em uma posição similar usaria “Mas as garotas gostam da gente!” como defesa e terminaria o argumento ai. Apenas uma década, ou até mesmo mais recentemente, o tipo de bandas de pop-pink em posições similares (notavelmente, menos comuns mas ainda poderosas) usariam “Mas as garotas gostam da gente!” como defesa e terminariam a fala ai. Irwin, por outro lado, está levando isso como uma oportunidade de responder as criticas de forma gentil, sem tentar se auto-justificar muito. E, mais importante, ele acrescenta que o poder da banda dele gera influência, inspirando garotas a pegar instrumentos… Não apenas inspirar garotas a gostar de outras bandas parecidas e mais obscuras que o 5SOS, ou pedir pra elas continuarem a defender a honra da banda. De acordo com ele disse, elas devem ser as próximas a subir no palco. Dessa forma é bem riot grrrl da parte deles. Não é um poder sexualizado, mas um que vem de saber que a audiência deles pode fazer o que eles fazer, e podem inclusive fazer melhor que eles em um futuro não tão distante.
Como a maioria dos meninos de certa idade, a música que o 5 Seconds of Summer faz e a imagem que eles projetam torna previsível que se torne uma obsessão feminina: casos, sonhos, crushes e coisas do tipo. Tem sido desse jeito desde o começo, mas conforme eles crescem e amadurecem, os temas também, ou, pelo menos, o jeito que os temas são tratados. Quando bandas emos ou pop-punks lidam com relacionamentos, normalmente a culpa é jogada para a protagonista feminina, aquela que irá cortar sua garganta e irá te fazer pedir desculpas por espirrar sangue na camiseta dela. Para o 5SOS, as letras são mais introspectivas e menos indefinido em autodepreciação.
O primeiro EP da banda, Unplugged, tinha alguns covers, “I Miss You” do Blink-182 e “Jasey Rae” do All Time Low. Uma das primeiras músicas originais que eles gravaram, “Gotta Get Out” lida com estar infeliz no lugar que você está – por que o que é mais pop-punk do que querer sair dessa por** de cidade? – mas também questiona o quanto esse desânimo com o local afeta um relacionamento amoroso, com o vocal principal Luke Hemmings cantando, “And if we fall/It’s not your fault,” (“E se a gente cair, não é sua culpa”) antes de começar um refrão apocalíptico onde ambas as partes precisam sair. Até mesmo ai, Hemmings mostra ter consciência da autonomia feminina: Ele irá escrever sobre você na música, mas isso não significa que ele pode controlar suas ações, e muito menos, culpa-la. Isso difere do cover do ATL, onde Alex Gaskarth demanda uma ação vinda da mulher. “I want you to mean it, Jasey,” (“Eu quero que você queira de verdade, Jasey.”) diz a música, indicando que o que quer que ela iria falar não era sincero, ou até que o falante estaria tentando controlar o que ela quer.
Dois anos mais tarde e lá estava o EP Don’t Stop, o último antes do lançamento do álbum de estréia deles. Nesse, nós encontramos “Wrapped Around Your Finger,” uma das favoritas dos fãs que continua na setlist regular deles. No terceiro verso, o guitarrista Michael Clifford canta, “Making all our plans in the Santa Cruz sand that night/Thought I had you in the palm of my hand that night/Screaming at the top of my lungs tip my chest felt tight/I told myself that I’m never gonna be alright.” (“Fazendo todos os nossos planos na areia de Santa Cruz naquela noite/Achei que eu te tivesse na palma de minhas mãos, naquela noite/Gritando do fundo da minha garganta até meu peito ficar apertado/Eu disse à mim mesmo que eu nunca ficaria bem.”). É outro lado da banda: Quando eles acharam que “tinham” a garota, mas não tinham. É uma questão de língua e narrativa; eles estão claramente ilustrando que uma amante foi embora, mas eles também estão apontando que ela foi embora, e que dói, mas que ela foi embora por vontade própria. O refrão continua, “You had me wrapped around your finger/I’m wrapped around your finger,” (“Você me tinha preso entre seus dedos/Eu estou preso entre os seus dedos”) mostrando que, acima de tudo, ela tinha total controle da relação, e terminou porque ela decidiu.
Isso nos leva ao álbum de estréia da banda, 5 Seconds of Summer, o primeiro esforço realmente coeso da carreira dos meninos. Tem momentos que complicam essa teoria de “mulheres como figuras poderosas”: “Don’t Stop,” pede pra uma garota continuar fazendo o que ela está fazendo, ou seja, ser ela mesma – mas para a apreciação de um garoto e “She Looks So Perfect” elogia uma mulher por sua aparência, mas dizendo que ela está usando a cueca dele, então eles teriam ficado íntimos de alguma forma, implicando em uma transação consensual. “End Up Here” faz algo parecido “My head spins/I’m pressed against the wall/Just watching your every move/You’re way too cool/And you’re coming this way/Coming this way.” (“Minha cabeça gira/Eu estou encostado na parede/Apenas observando todos os seus movimentos/Você é muito legal/E está vindo na minha direção/Vindo na minha direção”) Todas essas músicas sobre garotas não vem de um reino “ai de mim, ela é tão incansável”, mas sim de uma celebração do quão incrível são as mulheres, uma celebração do que faz essas mulheres, individualmente, tão fortes por si só, uma celebração do que faz cada e todas as garotas, únicas.
Isso não quer dizer que os garotos deveriam receber um prêmio como defensores do feminismo ou receber algum cargo sócio-político específico. Eles são bons garotos, e bons garotos dizem algumas mer**s as vezes. Em uma conversão mais recente com a Rhythm Magazine, Irwin disse, “Garotas não julgam como você toca bateria, vamos ser honestos. Garotas de 14 anos de idade não vão ficar tipo ‘Cara, esse garoto é horrível.’ Elas só gostam de ver um baterista.” O entrevistador respondeu dizendo, “Tem algo incrível no que você acabou de falar, que garotas não julgam como você toca bateria. Tem algo sonoro nisso. Eu diria que você, provavelmente, influenciou muitas garotas a se tornarem bateristas.” Irwin continuou, “Eu espero que a gente influencie algumas pessoas a tocarem guitarra e bateria de novo. Eu acho que essa é uma coisa boa que nossa banda poderia fazer para as pessoas.”
Se tornou um tópico grande na Internet das 5SOSFam, garotas tentando entender o que o baterista quis dizer. Algumas acharam que era um comentário indireto sobre sua base de fãs de garotas mais novas serem mais obcecadas com a vida pessoal deles, do que com a música. Outras se sentiram ofendidas, tweetando para o músico que mesmo que elas não conseguissem falar sobre a anatomia de um kit de bateria, elas ainda apreciavam suas habilidades enquanto músico. De qualquer forma, o uso de “chicks” [Ashton se referiu a garotas como chicks, gíria comum, mas que vem da palavra chicken, que significa galinha] é tão preocupante quanto o que ele disse. Por que elas não julgam como você toca bateria? Será que o “julgar” aqui foi usado mais como “criticar”? Só porque uma garota não irá gritar “Você é horrível” em um show do 5 Seconds of Summer, ela não sabe sobre os mecanismos de uma bateria ou como tocar? Talvez tenha sido um problema de dupla-interpretação, como em seu mais recente single, “Good Girls,” com o refrão “Good girls are bad girls that haven’t been caught” (“Boas garotas são garotas más que ainda não foram pegas”) que era para simbolizar a independência e uma exploração na própria identidade, que para pessoas desconhecidas (ou seja, pessoas que não conhecem a banda) meio que parece uma objetificação sexual.
Até que alguém pergunte para Irwin, nós não saberemos ao certo. O que nós temos são as músicas, algumas que falam sobre a autonomia feminina, porque não demanda ações feitas por mulheres do jeito que outras bandas de pop-punk fazem, ou até mesmo do jeito que os parceiros Australianos deles, Janoskians, fizeram durante a carreira toda (é bem seguro chamar de misoginia casual). Enquanto a maioria desses garotos adolescentes da Austrália não são perfeitos, eles estão fazendo mais pelas garotos que escutam as músicas feitas por esses branquelos do que a maioria dos outros caras nessa categoria – e isso é bem animador.
Fonte: Alternative Press
Tradução/Adaptação: Equipe 5SOS Brasil