Este ano, a semana de lançamento do álbum foi um pouco diferente para os caras da 5 Seconds of Summer. Em vez de viajarem pelo país para tocarem faixas do seu novo disco, ‘CALM’ (que saiu no dia 27 de março), cada um dos rapazes da 5SOS ficou em suas respectivas casas em Los Angeles, em quarentena como parte dos esforços para impedir a propagação do Covid-19.
“É definitivamente estranho”, diz o vocalista Luke Hemmings por telefone. “Isso nos forçou a pensar fora da caixa, em como podemos causar um impacto de casa e trazer um pouco de espírito positivo à vida das pessoas.”
Mas aqui está o que Hemmings e seus colegas de banda (o guitarrista Michael Clifford, o baixista Calum Hood e o baterista Ashton Irwin) podem não ter percebido: o pensamento fora-da-caixa já havia acontecido com o próprio disco. O ‘CALM’ não é apenas o primeiro disco da 5SOS pela Interscope Records – depois de quase 6 anos na Capitol – mas é o projeto musicalmente mais complexo do grupo australiano até agora. As 12 faixas do álbum entrelaçam harmonias que soam como hinos (a abre-alas ‘Red Desert’), com batidas e linhas de baixo fortes (o primeiro single ‘Easier’), guitarras ásperas (o segundo single ‘Teeth’) e complicadas produções (‘Wildflower’).
Embora esses elementos façam parte do DNA da 5 Seconds of Summer desde o seu início pop-punk, o grupo mostra uma nova ousadia, tanto nas composições quanto no som do ‘CALM’ – algo que impressionou até os caras da 5SOS. “Não sei se já pensamos que um dia poderíamos ser uma banda tão abrangente sonoramente”, diz Hemmings.
A confiança da 5 Seconds of Summer vem desde o sucesso conquistado por ‘Youngblood’ em 2018, que – na época do seu lançamento – se tornou a faixa da banda que mais ultrapassou os seus limites, com uma melodia bombástica e um refrão cativante. A música rendeu ao grupo o seu primeiro número #1 na parada de Músicas Pop e o seu primeiro TOP 10 na Billboard Hot 100 em outubro daquele ano, um feito que reassegurou seus instintos criativos.
“‘Youngblood’ abriu a banda para o público novamente, algo que foi muito importante para nós”, diz o baixista da 5SOS, Calum Hood. “Isso nos deu a oportunidade de criar o quarto disco com liberdade e confiança na nossa capacidade de escrever músicas que seriam aceitas por pessoas em todo o mundo.”
A banda continuou pensando em uma base de fãs mais ampla ao fazer o ‘CALM’, recrutando os co-compositores de ‘Youngblood’ Ali Tamposi (que trabalha também com Camila Cabello), Andrew Watt (co-compositor de Ozzy Osbourne) e Louis Bell (co-compositor de Post Malone) para co-escrever e co-produzir o álbum. Além disso, a 5SOS claramente procurou expandir seu alcance ainda mais ao trazer outras potências do pop a bordo – Charlie Puth ajudou com ‘Easier’; Ryan Tedder e Benny Blanco têm créditos em três faixas – e até a lenda do rock Tom Morello, do Rage Against the Machine, responsável por riffs de guitarra em ‘Teeth’.
Liricamente, a 5 Seconds of Summer criou as suas letras mais honestas e claras até agora, adotando novas abordagens sobre relacionamentos (seja uma despedida dolorosa como ‘High’ ou uma mensagem de amor sincera como ‘Best Years’) enquanto também confronta a realidade das relações consigo mesmos (‘Old Me’) e com a sociedade (‘No Shame’). Parece um amadurecimento natural para uma banda que começou ainda adolescente e agora já é formada por jovens rapazes – com idades entre 23 e 25 anos -, mas no caso da 5SOS, a magistral evolução pop-rock faz você quase esquecer que eles são as mesmas crianças que cantavam sobre uma garota usando roupas íntimas da American Apparel (‘She Looks So Perfect’).
Ainda sim, os caras reconhecem que não se desconectaram completamente de suas versões mais jovens. “O espírito do pop-punk está sempre ecoando dentro do espírito da banda, que é meio de ‘não dar a mínima'”, diz Hood. Hemmings compartilha desse sentimento: “Somos uma banda de rock em um espaço pop e [estamos] ultrapassando os limites do que significa ser isso hoje em dia.”
Embora a 5 Seconds of Summer ainda não tenha conseguido um sucesso parecido com ‘Youngblood’ com qualquer um dos singles de ‘CALM’ (‘Easier’, a faixa mais bem colocada até agora, chegou ao 48º lugar da Hot 100 em junho de 2019), os caras nunca se sentiram mais confortáveis com o que estão criando, e isso aparece no tom inspirado do novo disco – e, francamente, até na maneira em que eles falam sobre ele.
“Este álbum é como ver uma luz no fim do túnel, ao invés de [tratar] aqueles momentos mais difíceis ou sombrios da vida apenas como uma época triste”, diz Hemmings. “Eu sinto que, particularmente no último disco, estávamos presos em uma mentalidade [ruim], e permanecemos focados demais nesses sentimentos. [Agora] estamos avançando.”
Hood concorda: “Esta é a melhor representação de quem somos, não apenas como artistas, mas como pessoas.”
Fonte: Billboard
Tradução/Adaptação: Fernanda Lima (Equipe 5SOS Brasil)