A 5 Seconds of Summer passou os últimos dois anos olhando para dentro para criar seu próximo álbum, ‘CALM’. Nove anos e quatro álbuns desde o início da sua carreira, esse se tornou um disco introspectivo que explora a leveza e a escuridão do processo de crescimento de jovens rapazes.

Essa auto-reflexão está encapsulada no próprio título do álbum, que é um acrônimo de seus nomes (Calum, Ashton, Luke e Michael). Ele também é uma homenagem aos fãs, que cresceram ao lado deles e há alguns anos usam “CALM” para se referir ao grupo.

Com essa meditação também vem o amadurecimento do som. Já ouvimos os garotos se aventurarem além de suas raízes pop-punk no ‘Youngblood’, de 2018, mas o ‘CALM’ leva essa experiência ainda mais longe. As 12 faixas são inspiradas nas batidas eletro-pop e nos ritmos industriais, que já pudemos ouvir nos singles ‘No Shame’, ‘Old Me’ e ‘Easier’.

Todo o disco foi criado também pensando nas apresentações ao vivo. Existe uma mistura saudável de faixas altamente energéticas – feitas para o mosh -, como ‘Teeth’, e músicas mais lentas como ‘Lover of Mine’, que certamente evocam um mar de braços balançando com lanternas de smartphones ligadas a cada show. Os garotos de Sydney devem voltar para casa, para a enorme “No Shame 2020 Tour”, em dezembro. Será sua primeira turnê australiana em quase dois anos, por isso não é surpresa que o anúncio tenha movimentado o Twitter e os forçado a adicionar um show extra no Sydney Opera House Forecourt devido à grande demanda.

No início deste ano, eles foram aclamados como uma das performances de destaque do festival beneficente ‘Fire Fight Australia’, algo importante, já que eles dividiram o palco com ícones como Queen e Alice Cooper.

Enquanto a banda esteve em Sydney, conversamos com três dos seus quatro integrantes (Calum teve que sair para outra entrevista) sobre conquistar sonhos no ‘Fire Fight Australia’, aprender a entender um ao outro no ‘CALM’ e a fase australiana da sua turnê.

Music Feeds: Como foi o ‘Fire Fight Australia’?

Michael Clifford: Foi ótimo! Sempre foi um sonho nosso tocar no ANZ Stadium e é o ponto mais alto para uma banda tocar no ANZ Stadium. Fazermos isso, vindo de onde viemos, foi honestamente um dos momentos mais especiais das nossas vidas. Ter a oportunidade de fazer algo bom ao mesmo tempo [ajudar a Austrália] foi incrível, no geral. Ver o Queen tocar e todos esses grandes artistas se unirem para algo ainda maior do que eles foi incrível. Foi uma ótima noite.

MF: Vocês pareciam estar se divertindo muito e foi muito legal porque o público era muito misturado. Haviam os típicos fãs da 5SOS lá e também um monte de mães e pais curtindo.

MC: Sim, eles estavam adorando!

Ashton Irwin: Isso é realmente bom para nós. É bom ter o público mais amplo possível à sua frente. Especialmente na Austrália, nunca tivemos essa oportunidade antes e eles tiveram cerca de 3 milhões de espectadores [pela TV], enquanto ter 70.000 pessoas à sua frente em nosso país é um alcance que nunca tivemos antes. Nós amamos esse show.

MF: Também foi a primeira vez que vocês tocaram ‘No Shame’ ao vivo?

Luke Hemmings: Sim (risos). Só um pouco de pressão.

MC: Tenho certeza que você não conseguiu perceber (risos).

LH: Quero dizer, obviamente nós ensaiamos… Na verdade, não. Nós não a ensaiamos. Nós apenas seguimos o fluxo (risos).

MC: Ah, sim. Eu só senti a música chegar até mim.

LH: (risos) Sim, na verdade nós a escrevemos no palco.

MF: O ‘CALM’ será lançado no mês que vem. Como vocês estão se sentindo agora que ele está quase chegando?

AI: Estamos empolgados!

LH: Nós sentimos que estamos cultivando-o há um tempo e ele ser finalizado e concretizado agora, é incrível.

AI: Além disso, obviamente as coisas serão bem diferentes este ano. Muita coisa mudou para nós. Olha só, claramente somos um trio agora (risos).

MC: Nós pensamos que o baixo nem é tão importante assim.

AI: E não é.

MC: Não é! Você nem consegue ouvir. Pergunte “como soa um baixo?” e a maioria das pessoas vai fazer ~encolhe os ombros~.

AI: A maioria das pessoas diz “eu não sei”.

LH: Ele mantém a batida? Não.

MF: Eu sinto que todo baixista está acostumado com isso, né? Eles esperam essa conversa inevitável assim que entram na banda.

AI: (risos) Sim. Com toda a honestidade, Calum é um dos melhores baixistas que já vi.

MC: Eu diria o melhor baixista de todos os tempos.

AI: Ele é tão sólido.

LH: Não, vocês estão com medo dele ler isso.

AI: (risos) Ah, sim. Isso vai surgir no Twitter dele.

MC: (risos) Nós amamos você, Cal. Se você estiver lendo isso, Calum do futuro.

MF: O título do álbum, é claro, é um acrônimo dos seus nomes…

AI: Sim, ‘CLAM’. Espera, o que seria isso sem o Calum? ‘LAM’.

LH: Sim, estamos lançando o ‘LAM’ (risos).

AI: ‘CALM’, o título do álbum, é um acrônimo usado pelos fãs e existe há alguns anos. Então, Calum, Ashton, Luke, Michael. Quatro letras, quarto álbum. Nós pensamos que seria apropriado.

MF: Então, o título é um pequeno aceno aos fãs?

AI: É sempre um aceno para os fãs, sim. Também pela primeira vez… Nós nunca quisemos colocar nossos rostos nas capas. Não sei porque. Nós simplesmente não gostamos. Mas, pela primeira vez na história, essa imagem em particular irradiava a história que o disco está contando.

MC: Eu acho que o mais importante para nós neste disco é que não apenas é um disco que fizemos para nós mesmos, mas também pensando nos fãs. Eu acho que nossos fãs vão realmente amar esse álbum. De todos os ângulos, queremos que eles saibam que esse material é para eles tanto quanto para nós.

MF: Você disse que o álbum conta a história da “vida de um jovem, para o bem ou para o mal”. É um álbum conceitual ou é autobiográfico?

AI: Eu acho que existem vários conceitos que são saturados pelo processo lírico. Definitivamente, houve uma abordagem diferente desta vez. Começamos a escrever há cerca de dois anos. Sempre parece que a primeira faixa que você escreve para o álbum é o primeiro passo e tem um efeito dominó em tudo o que você compõe depois. A primeira música que escrevemos foi ‘Red Desert’, e essa música fala sobre autoliberação, liberdade e aceitação de si mesmo, erros que foram cometidos ou dores ou o que quer que seja, aceitação como ser humano. Então isso meio que deu um passo conceitual inicial para o resto do álbum.

Gostamos de escrever sobre a maioridade, o que passamos e onde estamos no momento. Muito desse disco é nós nos entendendo e não agindo como “esquece isso, é muito difícil”. Realmente fizemos um esforço consciente de melhorar e entendermos uns aos outros como homens e não julgarmos as vidas uns dos outros. Precisávamos aceitar as vidas uns dos outros e sermos gentis com isso. É isso o que nos torna uma ótima banda.

MF: Quando ouvi ‘Red Desert’, uma das primeiras coisas que pensei foi que ela será ótima para apresentações ao vivo.

LH: Sim, essa é uma das outras coisas em que pensamos enquanto fazíamos este álbum. Tentamos, em todos os discos, lembrar que precisamos tocá-los ao vivo e que eles precisam ser traduzidos ao vivo. Nós realmente fizemos-a para a experiência ao vivo. Então você está certa, nós definitivamente tocaremos essa música com algumas grandes harmonias. Talvez até abriremos o show com ela.

MF: Sim! Considerem esse o meu pedido.

AI: Sim! Legal, considerado.

MF: Ah, quer dizer, eu estava esperando que vocês dissessem “sim, vamos tocar”.

LH: (risos) Bem, [escolher o setlist] é todo um processo e todos temos que votar.

MF: Calum nem está aqui, então eu posso o substituir.

LH: Isso é verdade. Ele perde o voto dele.

MC: Você pode pegar os 25% dele.

MF: No passado, vocês disseram que todos ficam mais envolvidos e experimentais com a composição de músicas a cada álbum. Então, como foi a experiência dessa vez?

AI: Sempre fomos o motor de composição principal por trás de todas as nossas músicas. Desta vez, muitas composições surgiram das nossas amizades, porque obviamente nos mudamos para os Estados Unidos há alguns anos e, nesse álbum, acabamos trabalhando com amigos. Eis que nossos amigos se tornaram muito bem-sucedidos ao longo dos anos. Muito mais bem-sucedidos que nós (risos). Então, ficamos meio “caramba!”.

Em particular, Andrew Watt. Costumávamos beber com ele, íamos ao bar e jogávamos conversa fora, mas acabamos nos conectando pela música. A carreira dele decolou e ele se tornou uma verdadeira força musical. Ele está indo muito bem. Então, acabamos trabalhando com amigos, que também são parceiros musicais incrivelmente talentosos. Falando sobre como nos tornamos esse grupo bem-sucedido na composição: foi usando nossas relações já existentes e confiando nesses relacionamentos, em vez de irmos para onde nos mandassem ou compor com quem indicassem.

MF: Deve ter sido ótimo ter ainda mais liberdade lírica neste disco, não? Eu acho da para perceber isso com a forma com a qual a narrativa das músicas flui.

AI: Eu amo os conceitos deste álbum. Parece mais alegre do que o anterior. Não sei se isso é verdade ou não, mas da nossa perspectiva ao escrever, parece que sim. Parte dele é triste, mas também acho que é mais amplo e precisávamos disso.

LH: Definitivamente, há uma leveza nele. Eu sinto que o último álbum foi bem pesado e sombrio. Enquanto este tem esse lado e o lado mais leve da vida, e segue ao invés de ficar preso em um lugar só. Você tem essa escuridão e também tem o avanço, a aceitação, o perdão e a ação de seguir em frente com a vida.

MF: Vocês experimentaram alguns sons novos e dá para ouvir a diferença já nos primeiros singles. Quais foram suas inspirações sonoras para o álbum?

AI: No que diz respeito às inspirações sonoras, sempre tentamos incorporar algo do que a banda toda está ouvindo, por isso é o disco mais genuíno e com mais influências do qual podemos falar. Estávamos ouvindo muita música industrial porque os ritmos são fantásticos para a escrita melódica e o processo melódico. Somos fãs de rock and roll, mas o lado rítmico do rock and roll normal não é muito bom para o pop moderno neste momento em particular. Então, mergulhamos em batidas e sons industriais e ficamos bastante inspirados por esses sons e seguimos essa ideia.

MF: Também deve ter sido muito divertido tocar esse som industrial na bateria.

AI: É! É pesado, mas também combina com a maneira como toco, com agressividade e peso, por isso se encaixa com a nossa banda.

MF: Essa técnica agressiva de tocar bateria chamou muita atenção no ‘Fire Fight’. Todo mundo estava amando a energia.

AI: Por isso comecei a tocar bateria. Foi muito importante para mim entender como estava me sentindo sobre as coisas. Mas também tem um lado atlético nisso; eu cresci nadando competitivamente e acabei tocando muito mais bateria e aprendi que isso trabalha resistência, constância e todas essas coisas. Então, eu amo tocar sets longos na bateria e a agressividade por trás de tocar rock.

MF: Vocês trarão a ‘No Shame 2020 Tour’ para a Austrália em dezembro. Como estão se sentindo sobre isso e o que podemos esperar dos shows?

MC: Estamos bastante empolgados. Não tocamos na Austrália no ano passado. Então, faz dois anos desde que fizemos shows aqui. Teremos um novo álbum quando voltarmos. Nós tocaremos todas as músicas novas deste álbum e provavelmente algumas antigas também.

MF: Eu sei que vocês disseram que tocar no ANZ Stadium foi especial, mas nesta turnê vocês tocarão em alguns locais bem icônicos, como o Sydney Opera House Forecourt. Isso é um sonho para vocês?

AI: Sim. O forecourt (pátio de entrada da Opera House)… quero dizer, se você pensar bem, grande parte do que fazemos passa pelo lado visual e fotográfico. Nós sempre nos esforçamos muito para capturar as memórias. Temos fotógrafos incríveis trabalhando conosco, Andy DeLuca e Ryan Fleming. Uma grande parte do nosso dia é gasto descobrindo como vamos registrá-lo, por isso, tocar em locais icônicos como o pátio da Sydney Opera House nos permitirá registrar algo impressionante para os nossos fãs estrangeiros e estamos ansiosos para isso.

Fonte: Music Feeds
Tradução/Adaptação: Fernanda Lima (Equipe 5SOS Brasil)

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