5SOS é uma boyband adolescente ou pop punks festeiros? Ou ambos?
O sol da Califórnia está baixo no céu em Bel Air, mas na casa do 5 Seconds of Summer, o dia está para começar. Tem manchas de vinho no chão , perto da piscina, com alguns Chateau de Fleurs e uma mansão no valor de 100 milhões de dólares, com o oceano pacifico de vista. Uma lareira rodeada de garrafas de cervejas vazias. ”Eles vão acordar a qualquer momento”, fala a assistente britânica da banda, Zoe, que lê um livro e espera. Ela tenta mandar mensagem pra banda pra ajudar, mas ninguém responde.
Luke Hemmings, o vocalista da banda, desce até a cozinha, de barba por fazer, vestindo só uma camisa e uma boxer preta apertada. O cabelo — que inspira vários cabeleireiros no YouTube diariamente — Está bagunçado. Ele passa um pouco de abacate numa torrada. ”Desculpa por estar só de cuecas”, ele diz, ”Estou de ressaca.” Ele volta pro quarto.
Por volta das 17h o dia realmente começa. Hood, o baixista da banda — Que tem 19 anos, más ainda parece ser o jogador de futebol do ensino médio que ele era há alguns anos — vem pra fora com um copo de coca, suas unhas pingadas de preto, usando um boné da Billabong. “Deixa eu por um pouco de Bourbon nisso”, ele diz, voltando pra cozinha. O guitarrista Michael Clifford está andando pela casa, e Calum o observa. ”Ele ainda está animado,” comenta Calum, acendendo um Camel. Eventualmente Clifford reaparece, usando uma camisa desabotoada, pálido, mas parecendo mais acordado que o esperado. ”Eu tô vivo pra caralh*!”, ele diz. ”Desculpa, eu estava literalmente mordendo mais cedo.”
Na noite passada, a banda se apresentou no American Music Awards. ”Um monte de gente falsa, o que é um saco,” Clifford diz. Hemmings reclama, ”É só que, tipo, Viners e personalidades da internet, esse tipo de gente. Me irrita pra caralh*! Por quê vocês estão aqui?”
Depois do show, Clifford e Hemmings foram à festa do amigo Nick Jonas, e em seguida entraram de penetras na festa dada por Justin Bieber no Nice Guy bar, o favorito deles. Eles não falaram com Bieber — ”Eu acho que ele nos odeia” diz Clifford — mas eles se divertiram. ”Foi louco pra caralh*, pessoas em cima de mesas e coisa do tipo,” ele continua. ”Eu provavelmente não devia dizer isso, mas ele tocou seu próprio álbum repetidas vezes, por tipo, duas ou três horas.” Clifford encerrou o dia em Beverly Hills, na festa do The Weeknd, a qual foi tão exclusiva que a área da piscina tinha o seu próprio bouncer. O baterista Ashton Irwin — O mais velho, e possivelmente o mais responsável da banda — esteve lá mais cedo, mas saiu rapidamente após ser empurrado contra a parede, enquanto Diddy e sua equipe empurraram seu caminho porta a dentro.
Bem-vindo à vida de 5 Seconds of Summer, discutivelmente a banda mais quente do mundo. Há poucos anos atrás, eles eram colegas de classe nos subúrbios de Sydney, postando covers de Justin Bieber e Bruno Mars no YouTube. Depois da 5SOS se conectar, e dar uma “punkzada” no visual, a One Direction os levou numa tour em arenas de 63 datas em 2013; Eles são agora a primeira banda na história a ter seus primeiros dois álbuns debutando em #1. A jornada épica de quatro anos foi imortalizado em How Did We End Up Here, um novo documentário que mostra o avanço de 5SOS (pronunciado ”FIVE-Sauce” por fãs) de streams na internet ao Wembley.
A esse ponto, a fama deles já ofuscou a dos seus ídolos pop-punk Good Charlotte e Sum 41, mas 5SOS possui um tipo de fama totalmente diferente. Eles são retwittados em super-velocidade por suas fã-girls adolescentes (mais de 13,000 por minuto); eles estão no topo dos charts “mais-rebloggados” no Tumblr; eles são conteúdo de fan fiction, algumas envolvendo bondage (ato sexual utilizando cordas) e cross-dressing (travestir-se do gênero oposto). ”Eu não leio essa m*rda,” diz Hood. ”Me assusta.” Em Las Vegas, 60 fãs foram flagrados rastejando entre os tubos de ventilação de uma arena, tentando entrar escondido no show da 5SOS. ”Os gritos são algo muito estressante, mas incrível” diz Irwin.
Janeiro passado, Capitol, gravadora da banda, pagou para que 5SOS se mudassem pra casa de Bel Air, com intuito de escrever o novo álbum da banda em três meses. ”Foi um sonho se realizando” Irwin diz. Mas a banda finalizou o álbum antes do que o esperado. ”Então a gente deu festas o tempo todo”, disse Hemmings. ”Nós demos algumas festas incríveis no começo do ano, e elas meio que só ficaram cada vez melhores. A última festa, teve o atendimento foi imenso.
Três noites atrás, Clifford deu uma festa em comemoração aos seus 20 anos. 5SOS pegou uma casa em Beverly Hills emprestada, mas foram expulsos por volta de 1h da manhã, então eles moveram todo mundo de volta pra cá. Quando chegaram, 20 pessoas já estavam esperando em frente à casa. Detalhes são embaçados, mas o resto da noite incluiu uma fogueira com Niall Horan da One Direction e uma partida de Rock Band às 6h da manhã. É também, muito provavelmente, doses de vodka, piscina, e uma pista de dança da New Found Glory na cozinha. Clifford orgulhosamente mostra um de seus presentes favoritos, dado por Josh Dun, baterista do duo Twenty One Pilots: uma “fleshlight”; um acessório em formato de lanterna com uma vagina de plástico acoplada em uma das pontas. (“O Masturbador Masculino n #1”, a embalagem dizia). “Você nunca usou uma dessas?” Clifford pergunta com um sorriso.
Ele se senta na cozinha, enquanto a cabeleireira da banda trabalha com spray em seu cabelo para a gravação de um vídeo essa noite, pro novo single da banda ”Jet Black Heart”. Todo mundo chama Clifford de membro mais pop-punk da banda — O Sid Vicious de 5SOS, se o Vicious tivesse aparecido fazendo covers de All Time Low e Ed Sheeran. Ele é tatuado, com alargadores, seu pulso direito coberto por pulseiras e braceletes pretos, em sua maioria dados a ele por admiradores. Hoje o seu cabelo está vermelho; fãs contam suas dezenas de diferentes cores de cabelo em charts online. Tons como ”fairyfloss”, ”roxo emo”, ”água-marinha”. ”Você já foi “gambá”, também” diz Kelsey, a estilista. ”Eu construí essa persona onde eu tenho que continuar pintando agora” Clifford diz, ”E sejamos sinceros, metade do pop-punk é só o cabelo”
5SOS estão saindo de um ano do que Hemmings chama de ”Promoção sem descanso”. ”Se eu tivesse que ser perguntado quem é a minha “celeb crush” mais uma vez…” Ele diz. (Pra você não ter que perguntar: É Mila Kunis.) Eles brincaram imitando sons animalescos na TV Sueca, e foram desafiados a descrever seu novo álbum usando apenas Emojis.
Mas tem uma questão que os incomoda particularmente: ”Vocês são uma boyband?” Eles foram chamados de boyband na noite passada, numa festa da indústria, quando Hemmings foi apresentado a um novo grupo. ”Eles disseram, ‘Nós estamos numa boyband também,’” ele diz. ”Eu fiquei tipo, ‘Eu to saindo agora.’”
”Setenta e cinco porcento das nossas vidas é provar que nós somos uma banda de verdade” Irwin diz. ”Nós estamos ficando bons nisso agora. Nós não queremos ser, tipo, só pra garotas. Nós queremos ser pra todo mundo. Essa é a maior missão que temos. Eu já consigo ver alguns fãs masculinos aparecendo, e eu acho isso legal. Se os Beatles e os Rolling Stones, e todos esses caras conseguiram, nós conseguiremos também.”
Tem muito trabalho a ser feito. A banda recentemente anunciou uma tour de arena que terá começo e em fevereiro e durará até ao menos o fim do ano. Depois de passar basicamente todos os dias dos últimos quatro anos juntos, tensões são evidentes. ”Algumas pessoas ficam um pouco nervosas e algumas pessoas dizem coisas que elas não falariam normalmente,” diz Hood. Clifford — que sofre de depressão — parece estar passando por por maus bocados. Ele passou muito dos dias desse ano dentro de casa, jogando Call of Duty. Mas ultimamente ele tem festejado todas as noites.
”É tudo sobre achar coisas que te fazem feliz” diz Clifford. ”E pra mim, essa semana, essas coisas têm sido as festas.“
”Eu não acredito que estamos indo a um show do Good Charlotte essa noite!” diz Hemmings num restaurante lotado em West Hollywood. Do outro lado da mesa está sentado um dos produtores e co-escritores da 5SOS, John Feldmann, vocalista da Goldfinger, banda ska-punk da era da Warped Tour que emergiu no fim dos anos noventa. Um dos maiores sucessos de Feldmann veio em 1999, quando a música “Superman” da Goldfinger foi usada proeminentemente no vídeo game do pro skater Tony Hawk.
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Tradução: Equipe 5SOS Brasil | Agradecimento especial a Vinicius Oliveira
Fonte: Rolling Stone
NOTA DO 5SOS BRASIL:
A banda até o momento não se manifestou de forma oficial sobre as declarações ditas na entrevista, porém, no Twitter a Arzaylea (citada na entrevista como namorada do Luke) afirma que o artigo foi totalmente distorcido.
Michael também se pronunciou na rede social: “Eu odeio quando as pessoas colocam tudo em um artigo MENOS a razão pela qual nós somos uma banda: os fãs”. Luke publicou um tweet mas apagou logo em seguida, nele ele dizia: “Que tal nós falarmos sobre música e os fãs? A única razão pela qual uma banda é uma banda”. Andrew Hemmings, pai de Luke, postou no Twitter: “O Luke jamais falaria desse jeito [de uma mulher]. Nunca. Não existe drama se você realmente o conhece.”