Em 19 de agosto, depois de 10 dias de folga de mais de 80 dias em turnês em estádios, 5 Seconds of summer estavam tocando para mais de 20,000 pessoas em Auburn Hills, Mich, quando o guitarrista-vocalista Michael Clifford começou a murmurar no microfone. “Eu estava tentando consertar alguns problemas na minha saúde mental, eu vi um terapeuta na folga que tivemos.” Ele timidamente se interrompeu antes de começar a tocar uma outra música, mas vídeos de sua digressão imediatamente apareceram nas redes sociais. Logo a hashtag #WeLoveYouMichael se tornou trend worldwide. Dois dias depois, no Good Morning America, o rapaz de 19 anos foi perguntado sobre sua terapia em rede nacional.
“Eu não estava esperando aquela reação,” admitiu Michael mais de um mês depois. Ele é o mais sociável dos quatro membros do 5SOS, aquele que sempre está mudando a cor do cabelo. “Mas é legal. Às vezes, você só precisa colocar para fora.”
Este parece ser um tema do próximo album do 5SOS, Sounds Good Feels Good, que será lançado em 23 de outubro. Em seu primeiro single “She’s Kinda Hot”, um hino pop-punk de afirmação da vida co-escrita por Joel e Benji Madden, que ganhou Música do Verão no MTV Video Music Awards 2015, um determinado ponto o foco da atenção é o narrador psiquiatra. “She put me on meds (Ela me passou uns remédios)/ She won’t get out of my head, (ela não vai sair da minha cabeça)” canta o baixista-vocalista Calum Hood,19. “She’s kinda hot though, (ela é gostosa, apesar disso,).” Pelo refrão, o fascínio inquieto se torna um manifesto para as crianças tristes: “We are the kings and the queens of the new broken scene, (Nós somos os reis e rainhas da nova geração,) declara a banda. (We’re alright, though, (Estamos bem apesar disso).”
5SOS é uma anomalia em 2015: Uma banda de guitarra que vende discos da geração Z. Com quatro meninos australianos se moldando como ‘nostágicos alternativos dos anos 90, seu álbum auto entitulado chegou ao Nº 1 na Billboard 200, movimentando 259,000 cópias na primeira semana e marcando a maior lançamento de estreia de um grupo desde Daughtry em 2006. Agora, em um ano onde EDM apresenta salvação pós- estrela teen e o rock reinando com o sucesso “Shut Up and Dance” do Walk the Moon, o Sounds Good Feels Good parece ainda mais anacrônico que o primeiro álbum: Aqui vai quatro bebês punks em calças skinny pretas lamentando sobre psicoterapia e tentando acender um movimento jovem.
“Olhe pro top 40 das rádios,” diz o baterista Ashton Irwin, que é o mais velho e o mais falante da banda. “Ninguém está escrevendo música que destaque o que todo mundo tem medo de falar sobre – que é todo mundo estar doente e depressivo nos dias de hoje.” Irwin uma vez desenhou uma borboleta no pulso de uma fã para que ela parasse de se automutilar. “Pessoas da nossa idade, nós todos nos sentimos uns merdas,” ele continua. “Nós acordamos e olhamos para nossos telefones e têm milhares de opiniões em quem somos – ou o que somos. É destrutivo.”
É inicio de setembro e Irwin está nos bastidores do Nikon Jones Beach Theater com capacidade para 15,000 pessoas em Wantagh, Nova Iorque, onde 5SOS logo irá apresentar seu segundo show com bilheteria esgotada. Sua namorada, a modelo de 22 anos, Bryana Holly, senta perto, quase de rosto colado com ele em uma mesa ao ar livre, dividindo um prato. Hood está separado, em uma mesa pequena, fumando um cigarro e admirando a água. O guitarrista, Luke Hemmings, de 19 anos, que está nervoso e doce fora do palco, ocasionalmente põe a cabeça para fora do camarim da banda. Um sinal florescente na porta, onde se lê “Masmorra do sexo do 5 Seconds of Summer”. Clifford enquanto isso, está vagando pelo local sem sapatos.
Os fãs esperando nos assentos são quase exclusivamente jovens mulheres. Desde que 5SOS abriu os shows do One Direction em arenas – primeira vez em 2013, antes de assinar com uma gravadora ou um álbum, e de novo em 2014 – os quatro amigos de escola se tornaram ídolos adolescentes, ofegantemente em capas de revistas de celebridades e com destaque no Teen Choice Awards e Kid’s Choice Awards 2015. A conexão com 1D foi tão benéfica que se tornou uma parceria formal. Agora, 1D possui uma participação financeira no 5SOS, e os dois artistas dividem a equipe de gerenciamento baseada no Reino Unido, Modest.
Mas essa aliança, injustamente, rotula 5SOS como outra boyband, uma vestindo Hot Topic da cabeça aos pés. Eles são extremamente comercializáveis – bonitos, crianças facilmente carismáticas com camisetas rasgadas e cabelos bagunçados, das quais a mera aparência no palco faz as meninas chorarem – mas os membros também escrevem suas próprias músicas ( com estrelas da música como colaboradores) e tocam seus próprios instrumentos.
“Eles são 100%, absolutamente uma banda de verdade,” diz o guitarrista do Good Charlotte, Benji Madden, que co-escreveu quatro músicas no Sounds Good Feels Good e o 16º hit da Billboard Hot 100, “Amnesia” do álbum de estreia do 5SOS. “Eles estão entre as melhores bandas jovens que eu já vi”.
One Direction foi formado em um reality show e 5 Seconds of Summer na escola, mas têm algumas similaridades. Ambas as bandas cantam sobre garotas. Nenhum das duas têm um vocalista oficial. Ambas representam a si mesmas como parcerias artísticas igualitárias, embora o twitter mantenha uma contagem do favorito (25.6 milhões de seguidores para Harry Styles do 1D; 6.41 milhões para Hemmings do 5SOS). Ambas as bandas inspiraram músicas de famosas ex (“Style” de Taylor Swift é sobre Harry Styles e “You Suck” de Abigail Breslin é direcionada a Michael Clifford) e fizeram péssimas escolhas com nudes vazados. (Depois de Hood enviar um nude no snapchat, a menina postou no Vine, ele twittou, “Eu continuo sendo apenas um adolescente aprendendo com meus erros.”).
Ambas as bandas terão lançamentos nesse outono, e ambas estão em uma encruzilhada. One Direction quer liberdade e 5 Seconds of Summer quer autenticidade. Tão bem sucedidos quanto foi o ultimo álbum – Nielsen Music registra o total de 734 mil albuns vendidos – ainda há uma sensação que, como Irwin coloca, “as pessoas ficam um pouco confusa com o que isso realmente é.” Com Sounds Good Feels Good, 5SOS gostaria de resolver “isso” de uma vez por todas: isso é uma verdadeira banda de rock. Isso não é só como 5SOS identifica, também é um negócio inteligente. Ídolos adolescentes geralmente tem uma validade de quatro anos (tempo da geração no ensino médio) e acaba quando seu público tem idade o suficiente para votar. A fim de alcançar o tipo de carreira multi-album que o grupo está prevendo, 5SOS terá que transcender sua inconstante fundação na geração Z e convencer um público mais amplo que quatro caras com guitarras altas e sentimentos importam em 2015.
“Eles são caras realmente legais e são bons músicos,” fiz o guitarrista do Fall Out Boy, Joe Trohman. “Eu estou torcendo por eles.”
5 Seconds of Summer se propôs a ser pop-punk, mas traiu um reflexo teen-pop. Riffs de guitarra entusiasmados deram lugar a hamonias vocais doces. As letras das músicas esboçando um universo menor de idade, friendzones, identidades falsas, metáforas amorosas (menino encontra menina, menino perde menina, menino admira menina vestindo cueca American Apparel.) Em Sounds Good Feels Good, as guitarras trovejam mais e os vocais são mais nasalados e chorosos. “Eles eram adolescentes e são homens ahora – eles cresceram diante de nossos olhos”, diz a CEO/presidente da Capitol Records, Steve Barnett. “Eles têm tido sucesso o suficiente para fazer o álbum do jeito que eles querem.”
Os membros da banda já demonstraram uma capacidade de resistência distintivamente punk. Em 13 de junho, o segundo de três noites de bilheteria esgotadas na Wembley Arena em Londres, o cabelo de Clifford pegou foto quando ele pisou na frente da pirotecnia no palco. Ele sofreu queimaduras de primeiro grau e quase perdeu a visão do olho esquerdo, mas retornou ao palco na noite seguinte. Perz Hilton, cujo site de fofocas acompanha o 5SOS de perto, rugiu: “agora, isso é rock’n roll!”
5SOS vêm de Hawkesbury, subúrbio de Sydney. “Nossa cultura é do tipo classe trabalhadora, tipo violenta para c**alho”, diz Irwin. “Você não tem dinheiro para nada, usa transporte público, você paga $5 em McDonalds. É apenas épico, suburbano deprimido.” O resto dos caras assentem silenciosamente concordando. “Eu acho que nunca dissem os verbalmente que queríamos fazer isso para sairmos da nossa pequena cidade de merda,” diz Clifford. “Mas era uma coisa que nós meio que sabíamos, e é por isso que continuamos nisso”.
Como um adolescente, Clifford era um nerd de computador, mais ligado em Guitar Hero do que em guitarras de verdade. Hood era ligado em esportes até que ouviu American Idiot, do Green Day. Criado por mãe solteira, Irwin viu Green Day como uma fuga e o vocalista Billie Joe Armstrong como um exemplo: “Em casa, às vezes era um lugar realmente horrível”. O primeiro show de Hemmings foi do Good Charlotte. “Nós não podíamos realmente pagar por ingressos de shows,” ele disse, explicando que seu pai gostava da banda, então eles juntaram o dinheiro. “Eu lembro de olhar para o palco e dizer ‘eu quero fazer isso.’ Mas não era realmente uma opção.” 5SOS depois tocou nessa mesma arena.
“Não é parte do nosso mundo na Australia montar uma banda – você é um encanador, um pedreiro, você corta a grama,” explica Irwin. Mas lendas locais como INXS, Silverchair e AC/DC eram parte de seu mundo. “Tem aquela agressão crua e amor por uma grande e distorcida guitarra que já existe em nossa cultura,” ele acrescenta. “Mas nós também amávamos as melodias punk californianas.” Green Day, Blink-182 e All Time Low eram a santíssima trindade do 5SOS.
Irwin foi o ultimo a se juntar à banda, mas o primeiro a ter uma visão clara para o projeto. Além de ser um baterista, ele era um tipo de empresário, treinador motivacional, babá, controlador de tráfego e domador de filhote de leão. “Eu sentia como se tivesse um chicote”, lembra ele. “Eu ficava tipo, ‘Vocês tem que vir para os ensaios porque o som está uma merda! ‘Onde está o Calum?’ ‘Michael, sai do computador!’ ‘Luke, como assim sua mãe quer te buscar agora?!” Os outros absorveram seu foco e seguiram.
“Para esgotar ingressos nessas arenas e tocar nesse nível, você tem que ter um trabalho ético insano – caso contrário, não dura,” aponta o vocalista do Good Charlotte Joel Madden, que co-escreveu “She’s Kinda Hot” com seu irmão Benji. “A maioria das bandas quer fumar maconha e jogar vídeo games, eles não.
Os caras do 5SOS se arrepiaram com a sugestão que sua ascensão foi especialmente rápida. Em dezembro de 2011, 5SOS fez seu primeiro show em um pub de Sydney chamado The Annandale Hotel para 12 pessoas. Cerca de um ano depois, o grupo estava na turnê do One Direction, tudo sem nem um álbum ou contato de gravação.
5SOS estavam animados para abrir para 1D – muitas das crianças na multidão nunca tinham visto uma banda de rock. Mas o sentimento não foi sempre recíproco. “Nos dois primeiros shows, as pessoas estavam tipo “que p*rra é essa, guitarras?’” relembra Irwin. Nas redes sociais foi ainda pior, Clifford lembra. “Tinha uma porrada de pessoas tipo, ‘F*da-se essa banda, esses caras são uns feios, desprezíveis de merda. O que eles estão fazendo em turnê com One Direction, meus bebês perfeitos?’”.
“Eles tinham talvez três músicas, e eu não tinha idéia do que fazer com isso”, lembra o vocalista do All Time Low, Alex Gaskarth, de 27 anos, que tinha sido convidado para participar de uma sessão para co-escrever o álbum de estreia do 5SOS, embora ele nunca tinha ouvido falar da banda. “Eu chego lá e têm 50 crianças esperando do lado de fora da casa e eu fico meio, ‘Oh, que louco, Como é que as pessoas descobriram que estou aqui?’ Então, eu saí do carro e talvez duas pessoas das pessoas esperando ficaram “Oh, oi, é o Alex.’ Os caras do 5SOS estavam dentro do lugar e eu fiquei ‘Espera, essas 50 pessoas do lado de fora estão aqui por vocês?’ e eles ‘Eu acho que sim’. Eles estavam super confusos e eram super humildes e eu fiquei meio ‘Quem são esses punks?’”.
“Eles tinham talvez três canções, e eu não tinha idéia do que fazer com ele”, lembra All Time Low vocalista Alex Gaskarth, 27 anos, que tinha sido convidado para participar de uma sessão de co-escrever para 5SOS ‘álbum de estréia, embora ele nunca tinha ouvido falar da banda. “Eu chegar lá e há 50 crianças à espera fora da casa e eu sou como, ‘Oh, doente, como é que as pessoas descobrem que estou aqui?” Então eu saí do carro e talvez duas das pessoas que aguardam eram como , ‘Oh, hey, é Alex. “No interior, as [5SOS] caras estão lá e eu sou como,’ Espere -? são as 50 pessoas do lado de fora para você ”. acho que sim” Eles eram como, Eles foram Super confuso e humilde. Eu era como, ‘Quem são esses punks?'”
O 5 Seconds of Summer foi montado em partes, em sua maioria enquanto estavam na estrada. Mas a banda queria fazer o Sounds Good Feels Good “devidamente, como o Green Day,” diz Clifford. “A gravadora estava tipo ‘Ei, vai e faz um álbum de verdade, porque é disso que vocês vivem falando!’” brinca Irwin. Gaskarth e os irmãos Madden co-escreveram algumas faixas de novo, dessa vez colaborando pela primeira vez com Deryck Whibley, do Sum 52. Mas na maior parte foi os quatro membros da banda vivendo juntos em uma casa em Malibu por três meses e indo para o estúdio com o produtor John Feldmann todos os dias. “Eu amo ele,” diz Irwin sobre o produto finalizado. “Às vezes, nós entramos no ônibus, tomamos uma cerveja e escutamos o album inteiro juntos,” acrescenta Clifford. É mais alto, com uma forte influência de rock alternativo (como o novo hino alternativo “Jet Black Heart”), harmonias em camadas e da Orquestra Sinfônica de Londres.
É também um um manifesto da “new broken scene”, inclusive um reconhecimento de que 5SOS também está sofrendo. “Os fãs sentem como se nos conhecessem, porque eles conhecem,” diz Irwin. “Nós estamos aqui juntos em 2015 e enfrentando os mesmos problemas.”.
“Eu realmente, de verdade, acredito que a história dessa banda pode ser diferente de qualquer outra,” diz Benji Madden. “Nós só estamos todos meio que assistindo.”
Esse artigo apareceu originalmente na edição de 3 de Outubro da Billboard.
Fonte: Billboard
Tradução/Adaptação: Equipe 5SOS Brasil